sábado, 31 de março de 2012

Indomável



Amor é fera que não se doma
por mais grossa que seja a redoma
em fúria, o vidro se quebra

E partindo, corre desesperado
ruma desvairado parecendo sem paragem
mas é tudo programado;
Segue sempre de encontro ao ser amado!

O amor se fere, atormentado
pois é criança querendo colo
tropeça nos próprios pés
e rola a escadaria do amor, desconsolado

No abraço sossega
e se o ciúme chega escondido
explode em brados, possessivo
pra depois se desculpar, exagerado

Amor é mar de altas ondas
maresia que puxa  e repuxa
alagamento de coração
navegação sem bussola, alem das sensações!

Amor é bicho, mas é homem também
é inato, resiste, persiste
pede arrego, beira a morte
vive a própria sorte
e renasce como fênix
como se voltasse do além!



Rô Olem

quinta-feira, 29 de março de 2012

Gildo, o Camaleão



Gildo era o típico tranquilo
vivia na mata, sem grilo
passeando pela vizinhança
enchia mais e mais, sua multicolorida pança

Os macacos albinos,
os mais inteligentes da floresta
viviam de zombaria
com todos outros animais, todo dia

Não havia sossego
com a juba do rei leão
eram gozações infinitas
que iam bem além do limite,
inclusive com o camaleão

As formigas, pelo bumbum avantajado,
o golfinho porque não gostavam do seu nado
as abelhas porque só vestiam roupa rajada
e o elefante porque não descia escadas

Os animais protestavam, ja estavam fartos
invadiram a casa dos zombeteiros
e com gritos e sopapos
tentaram através da força, calar os macacos

Gildo foi o único a ficar distante, calado
apenas observando com resignação
era contra a violência e a raiva
e sabia que brigar não era a solução

Os animais nunca entenderam a razão
pela qual Gildo era o mais zombado
e durante as agressões
tiraram a limpo a questão

Descobriram que, sendo brancos
os macacos zombavam tudo que era diferente
e o mais diferente era o camaleão
porque não definiam sua coloração

Isso causou indignação e revolta
Gildo foi chegando perto do batente da porta
e em alto tom de voz declarou:

- Pobres branquelos, que pavor!
Só sabem manter-se em desrespeito
não percebem que para o coração dentro do peito
e para a alma não existe cor!




Rô Olem

sábado, 24 de março de 2012

Pensamento



Como nasceu o amor?
Foi de uma dor que se recusou a doer?
De um silencio que parou de ser
e se fez som?

Como viveu o primeiro sorriso?
Surgiu para acabar com o abismo
ou apenas para aproveitar
a moldura do batom?

Quando surgiu o brilho no olhar?
Foi quando uma lagrima desceu  sem notar
ou foi quando o sol refletiu na retina
intenso e sem par?

E o abraço, veio de onde?
Se fez para dispensar o laço
sem fazer fita ou criou uma situação
em que dois corpos, unidos, se escondem?

O carinho então, do que se fez?
surgiu de mansinho,
sem forçar nada, íntimo,
pra dar coragem a timidez?

O sonho nasceu do desejo?
Ou simples se faz assim, sem ensejo de ser
mais do que pode e vem sem pretensão
antes que se acorde?

E o silencio?
Quieto que só, se apresenta assim, na resignação
somente para ir de encontro ao nada
lentamente, sem mapa nem estrada?


Rô Olem
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